Liderança organizacional, gestão e a NR 01.
- Jefferson W. Santos | Ad Astra
- 17 de ago.
- 4 min de leitura

Você se sente preparado para liderar sob a égide da NR 01?
O que caracteriza qualquer empresa é a busca pela eficiência e pela produtividade. Já empresas privadas também buscam competitividade e rentabilidade para, do seu faturamento, retirar custos (impostos salários investimentos etc.). Em ambas as categorias, o papel dos funcionários é o de desempenhar suas funções com segurança e com qualidade para atingimento de metas e de objetivos que levem aos resultados acima citados.
Diretores líderes setoriais e colaboradores todos são funcionários, todos serão impactados por resultados positivos ou negativos das empresas.
Dito isto, falemos especificamente de desempenhos em ambientes laborais.
A busca pela eficiência e pela produtividade são conseguidos por intermédio de consolidados métodos e de gestão estratégica, dentre eles o PDCA, o 5W2H, as análises PASTEL e SWOT. Neste particular, as ISO 9001 e 31000 orientam muito bem o percurso de ações e aplicação dessas metodologias gerenciais.
Eficiência pressupõe custos mínimos necessários e produtividade pressupõe volume de conclusões (ou de entregas) em tempo estabelecido. Ambos só são conseguidos com profissionais bem treinados, circunspectos e aderentes às políticas da empresa, operando com equipamentos adequados e com manutenção preventiva realizada e com ambiente laboral seguro fruto de uma cultura organizacional madura e consolidada. Fora disso há interrupções e retrabalhos, o que já descaracteriza a produtividade e custos desnecessários com o retrabalho, com multas, interdições ou indenizações, o que já descaracteriza a eficiência. Ou seja, as “inovações” acerca de segurança e bem-estar do funcionário pretendidos pelas novas alterações legislativas já eram exercidas antes. O advento da NR 01 e do Risco Psicossocial não trouxe nem um “novo olhar” tampouco “práticas inovadoras”.
Aqueles consagrados métodos gerenciais (PDCA, 5W2H etc.) também têm o mérito de educar os funcionários, preparando-os para maiores desafios no desenvolvimento de suas carreiras, sobretudo ao induzirem o indivíduo a avaliar o cenário macro e a terem liberdade de estruturar um processo decisório, adequando ações de acordo com as características e, sobretudo, com as limitações estruturais, operacionais, orçamentárias e de mercado de atuação da empresa na qual ele e os colaboradora adores são funcionários remunerados. Então, liberdade e adequação.
O papel dos líderes, tão funcionários como os seus liderados, é o de prover os meios e eventuais orientações que se fizerem necessárias para os desempenhos excelentes das atividades dos liderados para o atingimento de seus objetivos. A ambiência, a ergonomia e a cultura organizacional sempre foram elementos assessórios do sucesso da liderança à luz das metodologias já existentes.
Entra em cena, nesse antigo e consolidado cenário gerencial, a NR 01 e suas recentes atualizações, cujo foco principal é a saúde, a segurança e o bem-estar dos funcionários e não uma orientação clara, a partir dessas diretrizes impositivas, para a consecução de objetivos com eficiência e com produtividade. Portanto, enquanto as ISO têm o caráter assessorativo e não impositivo, a NR 01 e demais NR complementares têm o caráter compulsório.
Enquanto as clássicas ferramentas de gestão, assessoradas pelas ISO 90001 e 31000, permitem aos líderes a flexibilidade de aplicação de estratégias de execução, além da autonomia na execução, no controle e na correção de desvios, a NR 01 impõe aos líderes a rigorosa observância de pareceres de engenheiros de trabalho (registrados no CREA), de médicos de trabalho e de psicólogos organizacionais na rigorosa observância (com exíguo espaço para alternativas) do comprimento do Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGR).
A NR 01 literalmente amarra ou dá pouquíssima liberdade aos líderes de alternar métodos e recursos fora daqueles preconizados pelo engenheiro de trabalho e seus auxiliares (os médicos de trabalho e psicólogos organizacionais).
A rigor, as estratégias de liderança são divididas com três “outsiders”. Já a execução dessas estratégias é dividida com o funcionário nomeado para ser o SST.
Enquanto nas ISO o líder pode lançar mão de alternativas para baratear custos de operação, na NR 01 os gastos para implementação e execução de suas diretrizes impositivas são compulsórios. Pode ocorrer de o SST não ser preparado ou não ter o interesse de uma visão estratégica mais macro para a qual, por não ser líder, não foi preparado.
Vale, todavia, relembrar que enquanto o foco das ISO 90001 e 31000 é o da eficiência e da produtividade, o foco da NR 01 é o da a preservação da segurança e do bem-estar do indivíduo já, há décadas, também consideradas naquelas ISO.
Portanto, o cenário para deflagração de conflitos já se consolidou. Ambos os atores, o líder e o SST, deverão se esforçar para conduzir uma convivência laboral equilibrada e sadia, pois ambos são funcionários da empresa que poderá ter muitas “janelas” de perdas financeiras por multas de não conformidade posto que, para a consecução dos objetivos e das metas da empresa, outros setores sempre estarão presentes e com eles, suas peculiaridades, “manias” e falhas.
Apesar de a data limite para a completa e definitiva implantação da NR01 ter sido ampliada, esse tema vale uma urgente, ampla e profunda reflexão por parte de todos: empresas, profissionais e clientes.
E então, líder, você se sente preparado para essa realidade?
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