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Os Riscos do Levantamento de Riscos Psicossociais nas Organizações.

  • Foto do escritor: Jefferson W. Santos | Ad Astra
    Jefferson W. Santos | Ad Astra
  • 3 de ago.
  • 2 min de leitura
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A recente atualização da NR 01 tornou compulsória a inclusão do risco psicossocial no Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) nas empresas. Muitas já buscam implementar questionários e entrevistas para mapear esses fatores e trabalhar sobre a prevenção e a mitigação dessa categoria de riscos.


Essencial para promover bem-estar e a segurança psicológica dos funcionários, a avaliação desse peculiar risco pode, todavia, gerar riscos colaterais à empresa e aos seus colaboradores ao invés de beneficiá-los.

 

Vale refletir sobre três possibilidades:

1. Funcionários Desmotivados e Respostas Enviesadas

Quando colaboradores estão desmotivados ou enfrentam problemas de relacionamento com colegas e lideranças, suas respostas em levantamentos psicossociais podem não refletir a realidade. Isso pode gerar:


  • Dados distorcidos: Percepções exageradas ou minimizadas sobre questões ergonômicas, processos de trabalho e estrutura gerencial;


  • Deslocamento do foco: Em vez de identificar problemas reais, o levantamento pode acabar captando insatisfações pessoais ou frustrações pontuais, dificultando a identificação correta de eventuais riscos e a priorização de ações corretivas para eliminá-los.

 

2. Desconexão com a Realidade Organizacional

Muitos funcionários, especialmente em níveis operacionais, não têm visibilidade correta sobre os desafios macro que a empresa enfrenta, tais como:

  • A elevada carga tributária brasileira e problemas financeiros;

  • A dificuldade na captação de mão de obra qualificada; e

  • A competitividade de mercado.

 

Essa falta de entendimento do contexto macro pode levar a uma visão limitada, onde os colaboradores atribuem falhas ergonômicas ou estruturais exclusivamente à má gestão, ignorando as barreiras externas que limitam investimentos em melhorias.

 

3. Impacto nas Relações Internas

O processo de levantamento, se mal conduzido, pode agravar tensões no ambiente de trabalho, tais como:

  • Conflitos com lideranças: Colaboradores podem usar os questionários como uma forma de "desabafo" contra gestores, sem propor soluções construtivas.

  • Desconfiança mútua: A percepção de que as respostas podem ser usadas contra equipes ou indivíduos pode gerar um clima de insegurança.

  • Outras possibilidades também são viáveis de ocorrer.

 

Como, então, prevenir esses riscos?

  • Comunicação Transparente: Explique aos colaboradores o objetivo do levantamento de riscos psicossociais, garantindo que o foco é a melhoria coletiva, não a culpa individual.

  • Anonimato e Confidencialidade: Assegure que as respostas não serão usadas para retaliar ou identificar pessoas, criando um ambiente seguro para feedbacks honestos.

  • Capacitação dos Aplicadores: Profissionais responsáveis pelo levantamento devem ser treinados para interpretar respostas com sensibilidade e evitar vieses.

  • Contexto Organizacional: Integre aos relatórios uma visão holística dos desafios da empresa, ajudando a balancear as percepções dos colaboradores com a realidade estratégica.

 

Conclusão

O levantamento de riscos psicossociais é uma ferramenta poderosa para transformar o ambiente de trabalho, mas sua aplicação exige cuidado. Sem uma abordagem estruturada, ele pode acabar gerando mais atritos do que soluções, prejudicando a confiança e desviando o foco de problemas prioritários.

 
 
 

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